quinta-feira, 25 de março de 2021

Quem é o vírus? (II)

por José Amaral Neto, Turismólogo, pós-graduado em Educação no Ensino Superior, jornalista

Perder alguém, amigo, parente, ou pessoa conhecida, não é fácil pra ninguém. Esse momento de pandemia é assustador e triste. Isso não se discute é fato.

Como jornalista estive durante cinco anos a frente do Departamento Científico de um hospital da rede privada editando artigos científicos de médicos pesquisadores da instituição. Neste período circularam oito edições de uma revista impressa deste órgão.

Junto a essa atividade desenvolvi funções de assessoria de comunicação interna e externa deste hospital.

Mais adiante num outro período de três anos em função de estar na Diretoria de Comunicação de uma instituição de ensino superior, trabalhei entrevistando e compilando informações científicas com médicos do hospital universitário.

Muito do que vemos de informação divulgada sobre esse vírus que vem ceifando vidas, mais assusta e angustia do que esclarece o que vem ocorrendo. Falta transparência sobre o que se quer e, principalmente sobre o que se está fazendo para resolver o problema.

A cada imposição de lockdow percebe-se que essa ação só funciona para criar pânico e falências da pequena indústria e do pequeno comércio; pois as grandes empresas continuam a exigir que seus funcionários sigam trabalhando. Home Office é somente para meia dúzia de pessoas incensadas; seja no setor privado ou no setor público.

O transporte coletivo continua funcionado e lotado a cada corrida, porque o número de ônibus e o número de horários disponíveis diminuíram drasticamente. E porque o trabalhador que deveria ficar em casa, recebe falta se não se apresentar ao trabalho. Assim, não assumindo o risco de entrar num ônibus, metrô ou trem, perde a cesta básica e não recebe o salário e a família padece.

O pequeno comércio, a pequena indústria, e igrejas, não vivem lotados na sua rotina. Ninguém tem dinheiro pra fazer compra todo dia e toda hora. Ninguém vai à missa, a um culto ou uma sessão, todos os dias; e muito menos todas as semanas. Este momento pede como nunca um encontro com o Sagrado para apaziguar mentes.

Lavar as mãos com água e sabão, higieniza e protege contra o vírus. Mas a mesma água e sabão não servem para lavar as máscaras tornando-as possivelmente reutilizáveis para quem nem de pano pode comprar.

Não há que se questionar o número assombroso de mortes divulgado; mas pode-se querer saber quantos na verdade tiveram morte causada pelo vírus. Não se pode ignorar que a maioria esmagadora das pessoas vem seguindo as determinações e seguindo os protocolos sanitários. Pode não ser o ideal desejado, mas é multidão diante dos que ignoram as regras, e a situação.

Por conta da profissão que exerço conversar com pessoas de várias partes do Brasil é uma rotina. E tem sido difícil não se emocionar com tanta fatalidade. No entanto, sempre entabulo um papo para aliviar a tensão da situação e acabo sabendo de que morreu a pessoa que faz o meu interlocutor, ou minha interlocutora, chorarem: tinha cardiopatia... Tinha diabetes... Sofreu trombose. Vou ficar só nessas três graves doenças.

Numa análise fria essa pessoa falecida não morreu pelo vírus – essa praga apenas potencializou a doença que já era pré-existente – então a pessoa morreu de problemas de coração, de diabetes ou trombose. Não pelo vírus. Não poderiam estar na contagem de óbitos funestos. Se houvesse logica nessa “curva móvel”.

Essas três enfermidades são problemas crônicos de saúde e, são endêmicas na saúde pública brasileira, desde sempre. Não seria o lógico fazer a frente contra essas doenças, de maneira ainda mais pragmática neste momento? Ampliar o acesso a exames de ultrassom principalmente os solicitados por angiologistas para melhorar os diagnósticos de pacientes propensos à trombose, é uma opção urgente. Um melhor atendimento aos cardiopatas, aos diabéticos, ágil e com acesso a equipe multifuncional que faça acompanhamento real e estratégico, conseguiria diminuir a necessidade desses pacientes em ocupar leitos para monitorar essas doenças.

Possíveis ações efetivas que desobstruiriam a ocupação de UTI´s e enfermarias. Essa linha de raciocínio não traz verdades; mas é apenas uma contribuição para se olhar para soluções necessárias para o ambiente da saúde pública brasileira neste momento, e pós-pandemia.

Não é simplesmente questionar os números, mas oferecer às pessoas dados que possam contribuir para se viver em paz e assim vencer a opressão do invisível que é este vírus mortal, principalmente fatal para as pessoas que não conseguem tratar suas doenças pré-existentes por falta de tratamento ambulatorial adequado; por falta de médicos e de enfermeiros para essas especificidades.

Fechar cidades se surtisse efeito que valha não geraria: “fizemos tudo o que era possível... ou o mês que vem será pior.” – E povo, ora o povo, é só o povo, uai.

Tratamento preventivo, respeito à autonomia do médico e do paciente, salvam vidas.

#VamosConversando

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

RELIGARE



Alguém que queira professar a fé. Alguém que queira profetizar o nome do Criador. Alguém que traga a força da palavra sagrada forjada em dois mil anos de história. Alguém que consiga ver para além dos profetas de ocasião que manifestam o caos como ordem. Alguém que seja profeta carregado da energia do Arquiteto do Universo para além das maquinações dos que detém o poder. Alguém sublime em orações versadas em palavras de ação pela vida das pessoas todas deste planeta vivente. Alguém tradutor do silêncio revelador das questões atemporais. Pensar gera pessoas criticas. Entender e permitir-se aprender fortalece pessoas realizadoras. Ver-se em uma liderança com a força da oração é alcançar o Criador em sua plenitude de bençãos e milagres, e isso, conforta o que eliminaria muito do estresse, consumismo, distúrbios sociais e depressão.

Onde está quem? Ou quem é, pode estar em você que lê aqui e agora? As pessoas se perderam em si mesmas na urgência de verem concretizados seus anseios. O imediatismo afastou as pessoas da religião porque as lideranças das igrejas em todas as suas denominações perderam o poder de profetizar embevecidos pelo medo que sempre combateram em favor do dizimo, este agora economicamente pouco provável.

A tua palavra é lâmpada

que ilumina os meus passos
e luz que clareia o meu caminho.
Salmos 119:105

A vacina tão ansiada é obra necessária. E deve ser vista como um caminho que leva à vida. Que os homens entendam que este momento demonstra que nada é maior que o Altíssimo. A ausência de um plano B para esta crise e, as perdas imprudentes de vidas que poderiam ser salvas vão deixando mãos com sangue que não poderão ser lavados se não perante o Criador.

Não é simplesmente religião, é religare. Ato de reaproximar; de voltar às origens.

Não basta fazer coisas boas é preciso fazê-las bem.”

Essas palavras de Santo Agostinho ilustram muito bem o que o momento atual exige.

11 meses já se passaram e ainda faltam UTI´s; 11 meses se passaram e a incompetência a espera de uma próxima onda; 11 meses se passaram e nada de uma bem articulada estratégia para distribuição das vacinas. 11 meses se passaram e medidas que se provaram incertas continuam a ser opção, gerando desemprego, desespero e fome. 11 meses se passaram e a Ciência sem Deus quer se tornar a nova ordem. Mesmo que na hora do desespero frente ao caos da saúde no mundo, ou no desalento de uma experiência que não avança cientistas apelem ao clamor natural no silêncio de suas máscaras: “Deus se apiede de nós”, ou “Oh! Deus dos céus, peço sua ajuda!”.

Todas as categorias merecem atenção especial em suas funções. No entanto, é sabido de antemão qual tarefa é sua responsabilidade. E enfrentá-la é salvar vidas. As salas de aulas são o mesmo que o corredor de um ambulatório médico: gente com urgências e emergências. Não dá pra dar ouro para tantos e quirela para outrem e não haver prejuízos para o todo.

Como a religião perdeu o alcance de sua voz as pessoas se sentem abandonadas e descrentes de suas responsabilidades. O óbvio tomou lugar da crença na vida. O óbito assumiu o destaque e, ele é apenas o fim inevitável. Não dá pra trazer as pessoas à razão da gravidade da situação atual, se as manchetes e reportagens são sobre o fim.

Não dá pra se conseguir os aliados necessários, se as mensagens que se destacam mostram os de sempre desviando dinheiro público e não sendo responsabilizados. Não tem como obter o melhor das pessoas quando políticos se proclamam donos da vida e produzem mortes sem que deles lhes seja tirado o poder nefasto de que fazem uso.

#VamosConversando                                                                                                                  

                                                                                     *por José Amaral Neto, Turismólogo, Jornalista, Presidente do MAIPO-Movimento de Articulação e Integração Propositiva Organizacional.




segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

JA IR para 2022

 



por José Amaral Neto, Turismólogo, pós-graduado em Educação no Ensino Superior, jornalista

 

2021 já nasceu em dezembro. Fim. Não existe muito que fazer a não ser juntar os cacos de 2020. A Câmara dos Deputados perdeu uma grande oportunidade de se apresentar como contraponto à politica nacional; seus membros eleitos pelo povo brasileiro se sentem a vontade em ignorar sua representação a bem de seus interesses pessoais.

O Senado da República está no mesmo balaio. Sem uma liderança, onde seus membros se articulam para se manterem vivos no ambiente que sustenta suas particularidades privadas; o país?!... Ora o país, é só um amontoado de eleitores que se satisfazem de 04 em 04 anos em troca de churrasco, cerveja, pagodeando um breganejo.

A oposição ainda luta entre si buscando uma identidade que fuja do genocídio que é a mutação virótica de decisões sem um líder que coadune ideias que cheguem ao povo que vota. Sim, porque até agora só atingiu o povo do celular em punho e discursos lacradores que não envolvem mais ninguém além deles mesmo e seus iguais.

Com o cenário nacional posto, algumas cidades brasileiras vão seguir o rito das muitas possibilidades que 2022 pode trazer – junto com JJBB. É fato que a continuar como está não há uma disputa que mude esse veredito político. Claro, olhando hoje, amanhã e mês que vem.

Para um exemplo, uma rápida análise utilizando Uberlândia: cidade mineira que não se definiu com clareza em qual papel segue com o Planalto; e de um grupo no poder que precisa se cacifar para pleitear continuidade em 2024. Um atual prefeito no ápice do seu melhor enquanto gestor, mas que não consegue imprimir sua marca para indicar um sucessor.

Tradicionalmente quando da ocorrência desses hiatos políticos, Uberlândia elege alguém ao congresso nacional que assume a prefeitura: assim aconteceu em 1996, 2000, 2004, 2012; e vai se repetir em 2024. Por isso a eleição de 2022 à Câmara Federal vai ser extremamente relevante – Quem estiver em Brasília é naturalmente forte candidato à eleição de Prefeita, ou Prefeito, de Uberlândia.

Não é prematuro falar deste tema, pois estamos a poucos meses das eleições gerais de 2022. Política é estratégia, e articulação, duas vias que exigem tempo e paciência para serem pavimentadas. Essa semana um tema que envolve membros do grupo que dirige o MDB da cidade de Uberlândia, ganhou destaque na imprensa e promete se desdobrar.

Um fogo-amigo emedebista que pode chamuscar a ida para Brasília de liderança do partido; o que pode deixa-lo de fora da briga em 2024 e, quiçá impingir derrota ano que vem, não somente à ele, mas também para o outro grupo do MDB que busca espaço e pode se perder nas brumas uberlandenses e uberlandinas que agita.

A nova Câmara de Vereadores das cidades brasileiras trouxeram muitas novidades individuais que se perderão no universo político com suas pautas importantes, por não possuírem a capilaridade política suficiente e necessária para avançarem em plenário. Isto, em função da ausência de participação nos grupos de comando político e seus interesses corporativos que não alcançam o povo.

A eleição do ano passado traz reflexão mostrando o que eleitoras e eleitores querem: que venha mudança, mas, para que tudo fique do jeito que está. Triste realidade de todas as cidades do Brasil. Para mudar isso é preciso coragem e uma liderança que queira liderar de fato. Alguém que consiga pensar para além da comodidade de cargos ou funções. Que tenha vaidade política sim, mas para além do simples poder. Que é passageiro. E quem não é...

Em Uberlândia a nova ordem edil mostra que dinheiro é importante em política desde que se saiba para quem oferecer. O numerário precisa se ligar ao título eleitoral por paixão ou via de regra em questão. O ato de votar continua sendo uma atitude de responsabilidade pessoal – os resultados mostram que há compromisso. No entanto, toda essa lealdade tem engessado a evolução necessária e urgente para um novo ambiente político, nas cidades, nos estados e no Brasil. #VamosConversando