quinta-feira, 10 de maio de 2018

Sexta República Brasileira

por José Amaral Neto, jornalista, coordenador do Movimento MAIPO

É preciso articular a convocação para uma refundação da República brasileira. Considerando o fim: da primeira no mandato de Washington Luiz, que tinha como vice-presidente o mineiro Melo Viana, um não branco, nascido em Sabará; da segunda com o suicídio de Getúlio Vargas; da terceira com a saída de João Goulart; da quarta, tomada a força, tendo seu último governo nas mãos de João Figueiredo; da quinta, o período de redemocratização. É hora em 2018, de ser dar voz à Sexta República. 
Nos últimos anos o Brasil vem convivendo com a ausência de líderes que consigam falar sobre o país. O não surgimento de um debate nacional que seja conduzido por pessoas de pensamentos longitudinais e detentoras de ideias republicanas tem fragilizado as instituições. Dando espaço para o surgimento de espertalhões que fazem da política apenas á mesa de trocas.
Escrever sobre algo ainda não midiático como o termo Sexta República pode parecer estranho a quem quer tudo igual como dantes. Muito se tem olhado pelo retrovisor já que a frente não se sabe nada além do futuro qualquer que seja, porque ele já é. Uma liderança agrupa valores de coletividade e atraí naturalmente pessoas a sua volta. Não se pode impor liderados estes só existem se houver quem convoque à luta.
As articulações políticas hoje em voga são para impedir uma contenda democrática. Eliminando não concorrentes, mas ideias. Um paralelo é a Itália, que viveu o período “Mãos Limpas”, a Lava jato deles, já refundou sua república (severamente corrupta) em muitos movimentos que clamavam mudanças. Agora em 2018, imobilizada, tenta formar um gabinete “técnico”, porque seus políticos não querem avançar á uma coalizão. Perderam-se nas ideias intangíveis de uma Europa saqueadora.
A Sexta República brasileira é necessária para se entender a importância da Lava Jato muito além de seus resultados. Ainda surgirão muitos promotores e juízes abnegados do dever de fazerem cumprir a lei. Os excessos jurídicos de hoje serão corrigidos, e um país diferente já começa a surgir. Nos anos 1980, o saudoso empresário Antônio Ermírio de Morais se viu em um movimento de mudança igual ao de agora. Emprestou seu nome para a nau do novo, do não político. Foi aplacado por saber o que queria para o seu estado e para o Brasil. Nunca mais foi encantado a fazê-lo novamente. E com ele outros se calaram.
E desde então os mesmos vem fazendo do Brasil o caos que agora parece ter chegado ao limite. É inadmissível que um político se vanglorie e considere sucesso estarem a 10, 20, 30, e alguns 40 anos no cargo. Política não pode e não deve ser uma profissão. E são esses experientes que colocaram o país nesse lodaçal sem fim. Quem faz a roda girar são vereadores, deputados e senadores. O legislativo é a voz do povo. O pilar mais largo e vistoso do que se quer como nação. O Brasil desde antão, não tem isso. O sentimento de nação.